sábado, 15 de maio de 2010

Desumanizado.

Hoje, dia 15 de maio, é aniversário do meu pai. Como filha dele, liguei pra desejar-lhe parabéns, a conversa foi mais ou menos assim:

Eu- Oi pai, parabéns!
Pai- Oi filha, parabéns para você também!
Eu- Como assim parabéns? É você que ta fazendo aniversário e não eu.
Pai- A, por você ter me ligado.
Eu- Ah... Ta... Quantos aninhos? 41?
Pai- Ah... Não sei...
Eu- Como assim não sabe? Eu sei que vou fazer 16 ano que vêm.

Enfim, a conversa continuou mais ou menos assim. Eu não sei se é por ele ser assim que ele me respondia essas coisas ou se os desafios que a vida lhe trouxe o “desumanizaram”. Talvez a palavra certa para aqueles mentalmente desequilibrados não seja loucura ou retardamento mental, mais sim desumanizado. Este é o ponto máximo que podemos atingir por sermos muito pressionados pela vida e por todos os seus obstáculos, como morte, perda e dor. É quando já não sabemos dizer quem somos o que queremos ou como nos sentimos e nem ao menos, a nossa idade. Passamos a não ouvir, somente escutar, passamos somente a ver, mas não enxergar. Passamos a não saber diferenciar as criações de nossa mente da realidade e passamos a criar dificuldades inexistentes e desnecessárias. É também quando passamos a não pensar, não refletir e a não viver, somente passar despercebidamente pela vida. As coisas ao nosso redor podem estar acontecendo rapidamente, mas nós não percebemos porque, para nós, tudo está andando mais lentamente, somente para a dor parecer uma tortura e não um mal necessário para reparar ou alertar nossos erros.