segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem sou eu ?

Estava escuro, e havia somente um circulo brilhante no céu do qual eu não sabia o nome. Vagas lembranças passavam por minha cabeça: olhares preocupados e atordoados, abraços e água saindo dos olhos de pessoas que me pareciam conhecidas, mas, no fundo, não fazia a idéia de quem eram. Pensar nessas lembranças fazia meu peito doer, não sabia exatamente porquê. Ou melhor, eu não sabia de nada, só sabia que estava escuro e que um havia um grande circulo brilhante em um céu que não era mais capaz refletir estrelas por causa da camada de poluição que o ser humano criou. Eu estava agachada e encostada em uma das paredes que formava um beco sem saída e estava com fome, sabia disso por que meu estomago doía, e a dor piorava quando olhava para o outdoor a minha frente com a imagem de um enorme x-pichanha.


Como tinha ido parar ali e porque sentia tanta fome? Que aparência eu tinha afinal? Olhei para o chão e lá encontrei duas pernas e, no final desta, dois pés. Algo estava repousando sobre minhas pernas, eram minhas mãos, com aqueles fantásticos dedos que me permitiam pegar o que quisesse, mas não havia nada para pegar ali.

Senti um pequeno movimento em minha barriga, estava respirando, então sabia que estava viva e que aquilo não era um sonho, eu realmente estava ali. Saber que aquilo era real era reconfortante e ao mesmo tempo desesperador, estava despreparada para a realidade, estava despreparada para viver, mas eu não tive a escolha de querer ou não estar ali. Apoiei-me na parede e comecei a fazer um grande esforço para me levantar, de inicio, minhas pernas cambalearam, mas quando consegui deixá-las estáveis, comecei a andar. Ao sair do beco, um enorme clarão inundou meu rosto, isso fez meus olhos arderem e lacrimejarem, afinal, eles estavam acostumados com a escuridão do beco. Andei com insegurança pelo pequeno caminho de asfalto cercado por vitrines de lojas que pareciam estar fechadas a muito tempo. Olhei para meu lado direito e vi, em refletida e uma vitrine, a imagem de uma menina que aparentava ter 15 anos, não era muito magra e tinha curtos cabelos castanhos e desarrumados até seus ombros, seu jeans e sua camiseta em decote v estavam sujos a amassados. Aproximei-me da vitrine para observar melhor a imagem, sua boca estava em uma perfeita linha reta, seus olhos aparentavam cansaço de muitos dias sem descanso e seus olhos eram de um mel quase imperceptível.

Toquei meu rosto, e a imagem refletida fez o mesmo, aquela era eu, eu sabia mesmo tendo acabado de ver, mas.... o que sabia sobre aquele rosto afinal? Aquilo era meu? Quem havia criado? O que era aquilo? Um enorme vazio surgiu em meu peito, e mais um pergunta, aparentemente sem resposta veio espetar minhas emoções como uma agulha fura um tecido, quem sou eu?

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